A negritude no futebol brasileiro

20 de novembro, uma data histórica e importante para a cultura negra brasileira, pois é celebrada a consciência negra. E mais ainda, pela primeira vez, a data é um feriado nacional e não restrita a alguns estados. É um dia de reflexão para mostrar o quanto a luta ao racismo é importante, mas como ela também revolucionou o futebol, principalmente no Brasil.

Na figura de Pelé, herói dos três primeiros títulos do Brasil na Copa do Mundo (58, 62 e 70), encontramos uma inspiração para muitos talentos revelados no país. Os gols históricos que garantiram os primeiros mundiais ao Brasil, vieram de um jogador negro, claro que seus lances além de encantarem o mundo, também passaram pelas críticas e pela cultura racista, mas abriu muitas portas para grandes nomes desse belo esporte se encontrarem nos campos.

Na figura de Vinícius Júnior, vimos uma luta aumentar cada vez mais. Hoje muito criticado pelos rivais só por conta do clube que veio e apesar de ter perdido o pênalti no duelo contra a Venezuela, Vini nunca abaixou a cabeça ao sistema que o incomoda. A cerimônia da bola de ouro mostrou que o palco da humilhação estava montando com um resultado patético, mas a apresentação principal felizmente não apareceu. Sempre que o sistema tenta intimidar, Vinícius não abaixa a cabeça e responde em campo com lances incríveis, de encher os olhos, não é a toa que é um dos maiores nomes do Real Madrid na atualidade.

Na figura do Endrick, vemos um jogador que, apesar de ser ridicularizado por ser mal assessorado, foi a grande surpresa do Brasileirão de 2023 e da virada de chave do Palmeiras e que trouxe um caminho andado ao Real Madrid. Hoje, ele disputa de fato a titularidade com muitos jogadores, mas já realizou um sonho de ir longe e pode ir muito mais futuramente. Sua chegada à seleção canarinho, assim como a do Vini, é a recompensa de todo o projeto de sucesso que ele tem e continuará tendo daqui pra frente.

Na figura do Estevão, vemos um jogador que hoje se tornou o artilheiro da temporada 2024 do Brasileirão. Assim como Endrick, provou que a idade é apenas um detalhe, vindo da base do Palmeiras, hoje é um jogador muito promissor e futuramente pode ir longe demais e despontar em clubes mais tradicionais por fora. É apenas questão de tempo para o seu sucesso e a sua convocação à seleção canarinha já é um sinal que os voos estão apenas começando.

Na figura do Gabriel Barbosa, vemos como o sistema tenta ignorar a sua existência no Flamengo, com três gols em finais de Libertadores, com dois títulos e um vice, mas que foi importante também na virada de chave do Brasileirão de 2020 e na conquista da Copa do Brasil deste ano com dois gols heroicos. Hoje, Gabigol é o sonho de consumo de muitos rivais, até quem o odeia o sonha em ter em seu clube e quem venceu, foi o Cruzeiro. O extracampo nunca deve ser levado em consideração, o talento está em campo e isso, ele tem de sobre.

Na figura do Gerson, vemos uma liderança muito importante na temporada 2024 do Flamengo, ele superou todas as perseguições que sofreu e tem chegado muito longe e assim como Bruno Henrique, estavam em temporadas históricas do mengão. Gerson também tem mostrado a sua liderança na seleção canarinha, tendo a companhia de colegas e ex-colegas de campo, mas que fez a seleção ter uma certa melhoria em campo, chegando a marcar o seu primeiro gol, apesar do empate contra o Uruguai. Bruno Henrique, apesar do jeito sarcástico, mostra que tem muita fome de bola, tem dado assistências importantes em golaços do Flamengo pela temporada e assim como Gabriel, é admirado por muitos torcedores.

Existem também vários nomes importantes de jogadores negros como Lorran, Evertton Araújo, Léo Pelé, Paulinho e muitos outros que ainda podem brilhar e chegar muito mais longe. Na luta contra o racismo, a conquista de espaços é a grande e importante aliada, num mundo onde o ódio e a intolerância tentam vencer, mas não conseguem com tanta facilidade assim. Há muita luta ainda pela frente para avançarmos mais e mais.

Sobre o autor

Heverton Rubens

Paraense de 24 anos, é Coordenador do Camisa 24 e do Orgulho Torcedor. Tecnólogo em Análise de Sistemas pela UNAMA, é torcedor do Flamengo desde 2009 e esteve afastado entre meados de 2020 a setembro de 2023, mas ainda acompanhando o time de longe. É integrante de uma das frentes democráticas do Flamengo, que lutam pela democracia, popularização e diversidade no esporte cujo nome não será citado, pois as opiniões expressas no Camisa 24 não representam nenhum partido, coletivo, entidade ou coisa do gênero. Representam apenas a opinião de quem as escreve, no caso, o nome citado ali.